VYGOTSKY Lev Semenovich Vygotsky Nascimento: 17 de nov. de 1896
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VYGOTSKY Lev Semenovich Vygotsky Nascimento: 17 de nov. de 1896 em Orsha – Bielo-Rússia 11 de junho de 1934 – Moscou.
Pai, pessoa culta, trabalhava no banco e numa companhia de seguros. Mãe professora formada, dedicava a criação dos filhos. Sua educação, até os 15 anos, processou-se totalmente em casa, através de tutores particulares – era um estudante dedicado e ávido por informações, aprendeu várias línguas . Gostava de literatura, e assuntos relacionados às artes em geral. Aos 17 anos completou o curso secundário – recebeu medalha de ouro por seu desempenho. De 1914 à 1917 estudou Direito e Literatura, na Universidade de Moscou. No mesmo período participava na Universidade Popular de Shanyavskii dos cursos de História e Filosofia. Fez o curso de Medicina, primeiramente em Moscou e depois em Kharkov.
Tese de mestrado – um estudo do Hamlet de Shakespeare, que deu origem ao livro Psicologia da arte. 1917 a 1923 – atuou com professor e pesquisador no campo de artes, literatura e psicologia. Suas obras 1936 a 1956 – censuradas 1956 – reedição soviética do livro Pensamento e linguagem. 1962 – publicação do livro Pensamento e Linguagem nos Estados Unidos. Começou sua carreira aos 21 anos, após a Revolução Russa de 1917. Em Gomel 1917 à 1923 escreveu críticas literárias, lecionou e proferiu palestras sobre temas ligados a literatura, ciência e psicologia. Já nessa época preocupava-se também com questões ligadas à pedagogia.
1924 – grande marco na sua carreira intelectual e profissional, realizou uma palestra no II Congresso de Psicologia em Leningrado. Trabalhou no Instituto de Psicologia de Moscou, no Instituto de Estudos das Deficiências (por ele fundado). Neste mesmo ano escreveu o trabalho: Problemas da Educação de Crianças cegas, surdo-mudas e retardadas. Ministrou cursos de Psicologia e Pedagogia em diversas instituições de Moscou e Leningrado e , anos depois, na Ucrânia. De 1924 até o ano de sua morte, Vygotsky teve um ritmo de produção intelectual excepcional. Ao longo desses anos, além de amadurecer seu programa de pesquisa, continuou lecionando, lendo escrevendo e desenvolvendo importante investigações. Seu projeto principal consistia na tentativa na tentativa de estudar os processos de transformação do desenvolvimento humano na sua dimensão filogenética, histórico-social e ontogenética. 1-Filogenia do Gr. phýllon, folha gen, r. de gígnomai, gerar. Sucessão genética das espécies orgânicas. 2-Ontogênese do Gr. ón, óntos, ser génesis, geração. Série de transformações sofridas por um ser desde a fecundação até ao completo desenvolvimento.
Concepções do desenvolvimento: Quatro entradas de desenvolvimento abordagem genética: Genética – procura compreender a gênese, isto é, a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos. Filogênese – desenvolvimento da espécie humana ex: coisas que somos capazes de fazer. Pegar em pinça, andamos, mas não voamos. Ontogênese - história de ser, desenvolvimento do ser, do indivíduo. O sujeito nasce, cresce, reproduz, morre. O plano ontogenético do ser: a criança quando pequena fica deitada, depois sentada, depois em pé. a seqüência de seu desenvolvimento. Sociogênese – história dos grupos sociais. Terceiro plano genético, história da cultura, onde o sujeito está inserido.Ex: Puberdade – há mudanças biológicas, que são compreendidas de forma diferente em cada cultura. 3ª idade – categoria criada nos últimos tempos, claramente social. Microgênese – desenvolvimento de aspectos específicos do repertório psicológico dos sujeitos.Diz respeito ao fato de que cada fenômeno psicológico tem uma história.Ex: saber algo e não saber algo como amarrar o sapato, antes o sujeito não sabia como fazêlo, depois ele aprende (algo aconteceu). A história de como aprendeu a amarrar o sapato é a microgênese.
Deteve-se no estudo dos mecanismos psicológicos mais sofisticados (as chamadas funções psicológicas superiores), típicos da espécie humana: o controle consciente do comportamento, atenção e lembrança voluntária, memorização ativa, pensamento abstrato, raciocínio dedutivo, capacidade de planejamento. A CULTURA TORNA-SE PARTE DA NATUREZA HUMANA Seu trabalho visava articular informação dos diferentes componentes que integram os processos mentais: neurológico, psicológico, lingüístico e cultural. O programa de Pesquisa : A teoria histórico-cultural (sócio-histórica) do psiquismo, também conhecida como abordagem sócio-interacionista tem como objetivo central “caracterizar os aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formaram ao longo da história humana e de como se desenvolveram durante a vida do indivíduo”.
Três questões: 1ª compreender a relação entre os seres humanos e o seu ambiente físico e social. 2ª identificar as formas de atividade que fizeram com que o trabalho fosse o meio fundamental de relacionamento entre o homem e a natureza, assim como examinar as conseqüências psicológicas dessas formas de atividade. 3ª análise da natureza das relações entre o uso de instrumentos e o desenvolvimento da linguagem.
VYGOTSKY Processos psicológicos elementares reações automáticas, ações reflexas e associações simples (origem biológica). Trabalhos de Vygotsky pertencem ao campo da psicologia genética – estudo da gênese, formação e evolução dos processos psíquicos superiores do ser humano. A psicologia genética estuda a infância justamente para tentar compreender a formação dos complexos processos psíquicos e das etapas pelos quais eles passam em sua evolução.
Funções elementares e superiores No processo de constituição humana é possível distinguir duas linhas qualitativamente diferentes de desenvolvimento, diferindo quanto a origem: de um lado, os processos elementares, que são de origem biológica; de outro, as funções psicológicas superiores de origem sócio-cultural.A história do comportamento da criança nasce do entrelaçamento dessas duas linhas.
VYGOTSKY Vygotsky se dedicou aos estudos: Funções psicológicas superiores – funcionamento psicológico tipicamente humano – capacidade de planejamento, memória voluntária, imaginação. Mecanismos intencionais, ações conscientemente controladas, processos voluntários que dão ao indivíduo a possibilidade de independência em relação às características do momento e espaço presente. Originam-se nas relações entre indivíduos humanos e se desenvolvem ao longo do processo de internalização de formas culturais de comportamento.
VYGOTSKY Baseado nos princípios do materialismo dialético procurou construir uma “nova Psicologia” com o objetivo de integrar, “numa mesma perspectiva, o homem enquanto corpo e mente, enquanto ser biológico e social, enquanto membro da espécie humana e participante de um processo histórico.”
PRINCIPAIS IDÉIAS DE VYGOTSKY 1ª Tese- Relação indivíduo/sociedade – resulta da interação dialética do homem com o seu meio sócio-cultural – ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas, transforma a si mesmo. Interação dos fatores biológicos X fatores culturais
2ª Tese - Origem cultural das funções psíquicas: as funções psicológicas humanas se originam nas relações do indivíduo e seu contexto cultural e social. O desenvolvimento mental humano não é dado a priori, não é mutável e universal, não é passivo, nem tampouco independente do desenvolvimento histórico e das formas sociais da vida humana. Cultura – parte constitutiva da natureza humana.
3ª Tese - Base biológica do funcionamento psicológico O órgão principal da atividade mental - cérebro. Cérebro - produto de uma longa evolução, e o substrato material da atividade psíquica que cada membro da espécie traz consigo ao nascer (não é um sistema imutável e fixo).
4ª Tese - Característica mediação São os instrumentos técnicos e os sistemas de signos, construídos historicamente, que fazem a mediação dos seres humanos entre si e deles com o mundo. Linguagem é um signo mediador – ela carrega em si os conceitos generalizados e elaborados pela cultura humana. A relação do homem com o mundo não é uma relação direta, pois é mediada por meios, que se constituem nas “ferramentas auxiliares” da atividade humana. Capacidade de criar essas “ferramentas” é exclusiva da espécie humana. É através dos instrumentos e signos que os processos de funcionamento psicológico são fornecidos pela cultura.
A função da mediação
VYGOTSKY Mediação: enquanto sujeito do conhecimento o homem não tem acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, através de recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe, portanto enfatiza a construção do conhecimento como uma interação mediada por várias relações. O outro social, pode apresentar-se por meio de objetos, da organização do ambiente, do mundo cultural que rodeia o indivíduo.
VYGOTSKY A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos, fornece os conceitos, as formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio dela que as funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas, portanto, sociedades e culturas diferentes produzem estruturas diferenciadas. A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a interpretação do mundo real. Ela dá o local de negociações no qual seus membros estão em constante processo de recriação e re-interpretação de informações, conceitos e significações.
5ª Tese – A análise psicológica deve ser capaz de conservar as características básicas dos processos psicológicos, exclusivamente humanos. Este princípio está baseado na idéia de que os processos psicológicos complexos se diferenciam dos mecanismos mais elementares e não podem, portanto, ser reduzidos à cadeia de reflexos. Ao abordar a consciência humana como produto da história social, aponta na direção da necessidade do estudo das mudanças que ocorrem no desenvolvimento mental a partir do contexto social.
VYGOTSKY Para Vygotsky, as potencialidades do indivíduo devem ser levadas em conta durante o processo de ensino-aprendizagem. Isto porque, a partir do contato com uma pessoa mais experiente e com o quadro histórico-cultural, as potencialidades do aprendiz são transformadas em situações que lhe ativam esquemas processuais cognitivos ou comportamentais, de tal forma que este convívio produza no indivíduo novas potencialidades, num processo dialético contínuo. Para ele a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento, a escola tem um papel essencial na construção desse ser; ela deveria dirigir o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas sim, para etapas ainda não alcançadas pelos alunos, funcionando como incentivadora de novas conquistas, do desenvolvimento potencial do aluno.
DIFERENÇA ENTRE COMPORTAMENTO ANIMAL E HUMANO 1. Todo comportamento animal, diferentemente do comportamento humano, conserva sua ligação com os motivos biológicos. A maior parte das habilidades humanas não se baseiam em inclinações biológicas. A ação do homem é baseada em complexas necessidades: Novos conhecimentos; comunicar-se Ocupar determinado papel na sociedade Ser coerente com seus princípios e valores
2. O comportamento humano não é forçosamente determinado por estímulos imediatamente perceptíveis ou pela experiência passada. O ser humano não se orienta somente pela impressão imediata e pela experiência anterior, pois pode abstrair, fazer relações, reconhecer as causas e fazer previsões sobre dos acontecimentos, e depois de refletir e interpretar, tomas decisões. O homem não vive somente no mundo das impressões imediatas ( como os animais), mas também no universo dos conceitos abstratos, já que dispõe, não só de conhecimento sensorial, mas também de
3. As diferenças das fontes de comportamento do homem e do animal 3.1. Animal Experiência da espécie é transmitida hereditariamente - comportamento instintivo e inato. Experiência imediata e individual – mecanismos de adaptação individual ao meio. Não transmite sua experiência Não assimila a experiência alheia Não é capaz de transmitir ou aprender a experiência das gerações anteriores.
3. As diferenças do comportamento do homem e do animal 3.2. Homem Definições hereditárias Experiência individual Assimilação da experiência de toda a humanidade Submetido às leis do desenvolvimento sociocultural
AS RAÍZES HISTÓRICO - SOCIAIS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO E A QUESTÃO DA MEDIAÇÃO SIMBÓLICA. Mediação caracteriza a relação do homem com o mundo e com os outros homens. É através desse processo que as funções psicológicas superiores, especificamente humanas se desenvolvem. Dois elementos básicos responsáveis pela mediação: Instrumento - que tem a função de regular as ações sobre os objetos Signo – que revela as ações sobre o psiquismo das pessoas (objeto, figura, forma, fenômeno, gesto ou som – representa algo diferente de si mesmo) Ex: no código de trânsito a cor vermelha significa parar. Vygotsky, profundamente influenciado pelos postulados marxistas, afirma que a origem das atividades psicológicas devem ser procuradas nas relações sociais do indivíduo com o meio externo.
De acordo com Marx, o desenvolvimento de habilidades e funções específicas do homem, assim como a origem da sociedade humana são resultados do surgimento do trabalho. É através do trabalho que o homem, ao mesmo tempo que transforma a natureza (com o objetivo de satisfazer suas necessidades) se transforma. Isto quer dizer que as relações dos homens entre si são mediadas pelo trabalho. Para compreender as formas especificamente humanas é necessário descobrir a relação entre a dimensão biológica - os processos naturais maturação física e os mecanismos sensoriais - e a cultural - mecanismos gerais através do qual a sociedade e a história moldam a estrutura humana.
Mediação Entende que o ser humano não é um produto de seu contexto social, mas também um agente ativo da criação desse contexto. Os instrumentos (mediadores) são elaborados para a realização da atividade humana. O homem produz seus instrumentos para realização de tarefas específicas, são capazes de conservá-los para uso posterior, de preservar e transmitir sua função aos membros de seu grupo, de aperfeiçoar antigos instrumentos e de criar novos. Signos – Instrumentos psicológicos – têm a função de auxiliar o homem nas suas atividades psíquicas. Com o auxílio dos signos, o homem pode controlar voluntariamente sua atividade psicológica e ampliar sua capacidade de atenção, memória e acúmulo de informações como, exemplo, pode se anotar uma entrevista na agenda para não esquecer, consultar um atlas para localizar um país.
A questão da linguagem – A linguagem é entendida como um sistema simbólico fundamental em todos os grupos humanos, elaborado no curso da história social, que organiza os signos em estruturas complexas e desempenha um papel imprescindível na formação das características psicológicas humanas. Linguagem – designa os objetos do mundo externo ( Ex.faca designa um utensílio usado na alimentação.), ações (como cortar, ferver, andar), qualidades do objeto (afiado, áspero) e as se referem às relações entre objetos ( tais como abaixo, acima, próximo).
O surgimento da linguagem imprime três mudanças essenciais: 1ª A linguagem permite lidar com os objetos do mundo exterior mesmo quando eles estão ausentes. 2ª Processo de abstração e generalização – é possível analisar, abstrair e generalizar as características dos objetos, eventos e situações presentes na realidade. A linguagem não só designa os elementos presentes na realidade mas também fornece conceitos e modos de ordenar o real em categorias conceituais. 3ª Função de comunicação entre os homens garante como conseqüência, a preservação, transmissão e assimilação de informações e experiências acumuladas pela humanidade ao longo da história. A linguagem é um sistema de signos que possibilita o intercâmbio social entre indivíduos que compartilhem desse sistema de representação da realidade.
Os sistemas simbólicos Os sistemas simbólicos (entendidos como sistemas de representação da realidade), especialmente a linguagem, funcionam como elementos mediadores que permitem a comunicação entre indivíduos, o estabelecimento de significados compartilhados por determinado grupo cultural, a percepção e interpretação dos objetos, eventos e situações do mundo circundante. Os processos de funcionamento mental do homem são fornecidos pela cultura, através da mediação simbólica.
Criança A criança incorpora ativamente as formas de comportamento já consolidadas na experiência humana, à partir de sua inserção num dado contexto cultural, de sua interação com membros de seu grupo e de sua participação em práticas historicamente construídas. É importante assinalar que a cultura não é um sistema estático ao qual o indivíduo se submete, mas como uma espécie de “palco de negociações”, em que seus membros estão num constante movimento de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados.
Desenvolvimento infantil Vygotsky atribui enorme importância ao papel da interação social no desenvolvimento do ser humano. Ele critica a idéia que a “mente da criança contém todos os estágios do futuro desenvolvimento intelectual: eles existem já na sua forma completa, esperando o momento adequado para emergir”. A maturação biológica é um fator secundário no desenvolvimento das formas complexas do comportamento humano, pois essas dependem da interação da criança com a cultura.
Desenvolvimento infantil A estrutura fisiológica humana, aquilo que é inato, não é suficiente para produzir o indivíduo humano, na ausência do ambiente social. As características individuais (modo de agir, de pensar, de sentir, valores, conhecimentos, visão de mundo.) dependem da interação do ser humano com o meio físico e social. O indivíduo para se humanizar precisa crescer num ambiente social e interagir com outras pessoas.Quando isolado, privado do contato com outros seres, entregue apenas a suas próprias condições e a favor dos recursos da natureza, o homem é indefeso e despreparado para lidar com os desafios de seu meio.
Bibliografia: REGO, Teresa C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação.Petrópolis, RJ: Vozes,1995. VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000.